Para entendermos o significado e a tarefa da Pastoral Familiar, primeiro precisamos compreender o que é família hoje. Longe de olhar com saudades para o passado da família, freqüentemente marcado por abusos de poder, discriminações, formas opressivas de relacionamento e até mesmo violência, mas, distante também de concebê-la como uma realidade retrógrada e irrelevante para o desenvolvimento da sociedade, a Comissão Nacional da Pastoral Familiar propõe uma nova significação da família em nossa sociedade contemporânea. Contudo, isso deve partir de um novo modo de pensar essa realidade, que pode ser melhor compreendido com o conceito de cidadania da família, realidade que não diz respeito somente aos indivíduos, mas também a própria família como tal.
PASTORAL FAMILIAR
Numa abordagem antropológica e sociológica, mais do que religiosa, afirmar a cidadania da família quer dizer reconhecer seu papel de sujeito na construção de uma nova sociedade e promover orientações de conduta inspiradas em critérios de solidariedade e de plena reciprocidade, características constituintes da família.
A Pastoral Familiar, portanto, é o esforço pastoral da Igreja visando não só defender e promover o respeito à dignidade da família, seus direitos e deveres, mas também chamar a atenção para a importância e centralidade da família como o principal recurso para a pessoa, para a sociedade e para a Igreja. Ela é o lugar onde mais se investe para o desenvolvimento de um país, já que a família é indispensável para o desenvolvimento das pessoas e da sociedade.
OBJETIVOS
Resumidamente, os objetivos da Pastoral Familiar consistem, inicialmente, na preparação dos candidatos para a vida matrimonial e familiar, bem como na evangelização e promoção humana, social e espiritual das famílias já constituídas.
A Pastoral Familiar parte da família real para a família do possível, sem perder de vista a proposta da família ideal, que é a família cristã, gerada a partir do sacramento do matrimônio e vivendo em forte unidade, harmonia e na gratuita e generosa solidariedade.
SUA IMPORTÂNCIA
O documento de Santo Domingo falou da “prioridade e centralidade da pastoral familiar na Igreja diocesana” (n.º 222). O Papa João Paulo II assim falou aos Bispos do Brasil:
“em cada diocese – vasta ou pequena, rica ou pobre, dotada ou não de clero – o Bispo estará agindo com sabedoria pastoral, estará fazendo investimento altamente compensador, estará construindo, a médio prazo, a sua Igreja particular, à medida que der o máximo a uma Pastoral Familiar efetiva”.
Diríamos que a organização da Pastoral Familiar, em nível diocesano ou paroquial, não é uma opção, é uma obrigação.
GRANDES DESAFIOS
O agente da Pastoral Familiar, enriquecido pelo magistério da Igreja, que lhe coloca em mãos quatro grandes documentos: Familiaris Consortio, Carta às Famílias, Evangelho da Vida e o Diretório da Pastoral Familiar, sabe que, sobretudo em nossa atual e global modernidade, precisa encarar três grandes desafios que constituem um verdadeiro programa de vida.
Ele se propõe a defender e a promover três colunas vitais:
• a dignidade da pessoa humana;
• o sacramento do matrimônio e
• a inviolabilidade da vida e da família.
Assim como os dogmas estão para a fé católica, estes três pilares estão para a prática cristã dos agentes da Pastoral Familiar que, conforme afirma o Diretório da Pastoral Familiar, são: o bispo, o sacerdote, os religiosos e religiosas, os leigos e leigas que se dedicam a esta prioritária tarefa da Igreja.
ORGANIZAÇÃO
A Comissão Nacional da Pastoral Familiar possui uma coordenação nacional (CONAPAF). Além disso, a CNPF é composta pelos bispos, assessores e casais representantes da Pastoral Familiar nos 17 Regionais da CNBB, no Distrito Federal e os representantes nacionais dos principais Movimentos, Institutos e Serviços familiares em defesa da Vida.
ESTRUTURAS DA PASTORAL FAMILIAR
A Pastoral Familiar foi estruturada a partir da Exortação Apostólica Familiaris Consortio, do Papa João Paulo II, com base na comunidade diocesana e paroquial. O Papa, contudo, realçou o lugar especial que, neste campo, compete à missão dos cônjuges e das famílias cristãs. Em virtude da graça recebida no sacramento do matrimônio, eles devem atuar no seio da própria família com testemunho de vida.
Devem atuar também na esfera pública, buscando formar opinião e consciências segundo os valores cristãos, através de “associações de famílias a serviço das famílias”, inclusive com empenho ativo em todos os níveis, mesmo em parceria com outras associações não-eclesiais que defendam aspirações justas.
ETAPAS
Neste documento ficam claras também as três grandes etapas do trabalho da Pastoral Familiar:
• Setor Pré-Matrimonial, que envolve a preparação dos jovens para o matrimônio e a vida familiar, inclui também a celebração adequada do sacramento do matrimônio;
• Setor Pós-Matrimonial, que diz respeito ao empenho da Igreja local em ajudar o casal a descobrir e a viver a nova vocação e missão de maneira alegre e frutuosa;
• Setor Casos Especiais, onde a Pastoral Familiar, guiada pelos princípios da verdade e da misericórdia, procura ser “um empenho pastoral ainda mais generoso, inteligente e prudente, na linha do exemplo do Bom Pastor, àquelas famílias que - muitas vezes, independentemente da própria vontade ou pressionadas por outras exigências de natureza diversa, se encontram em situações difíceis” (77).
IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Com a finalidade de estimular a implantação da Pastoral Familiar nas paróquias e subsidiar seu adequado desenvolvimento, a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, juntamente com a CNPF, vem editando vários livros afins e elaborando diversos e práticos “Guias”, a começar pelo:
• “Guia de Implantação da Pastoral Familiar na Paróquia”;
• “Guia de Preparação para a Vida Matrimonial”;
• “Guia de Orientação para Casos Especiais”;
• “Guia de Orientação para a Formação das Associações de Famílias” (fase final).
No mês de agosto, realiza-se anualmente a Semana Nacional da Família, amparada pela já bastante conhecida “Hora da Família”. Periodicamente é montado também o Plano Estratégico de Ação Plurianual.
Dois veículos de comunicação realizam a ligação com todos os agentes e demais interessados: a Revista Vida e Família e o Portal Vida e Família – www.pastoralfamiliar.cnbb.org.br.
PARA REFLETIR
1 - Qual a finalidade, hoje, de uma boa Pastoral Familiar?
2 - A seu ver, quais são as maiores dificuldades da família hoje?
3 - A Pastoral Familiar existe e funciona em sua diocese e paróquia?
Fonte: José Maria da Costa
Acessor Nacional Cnbb
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